quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Liberdade para trilhar meu caminho

Fiz hoje a minha primeira tatuagem.
Nem sei se ainda haverá outras, mas, de qualquer modo, mesmo que única, essa é a primeira.
Pensei muito antes de fazer. Pesquisei, falei com quem tinha e com quem abominava a idéia, li sobre os riscos, cuidados e dúvidas mais comuns.
Li depoimentos de quem se arrependeu e de quem fez outras e continua gostando de todas elas.
Ainda não havia decidido, quando, numa festa de aniversário, conversei com um tatuador, parente do aniversariante, e sua confiança me conquistou. Demorou algumas semanas para eu realmente sentir que era a hora.
Hoje, horário marcado, quase não fui.
Liguei para desmarcar, e acabei marcando para mais cedo.
O motivo já havia sido escolhido, só faltava definir qual, dentre tantas figuras dos livros do tatuador, seria a eleita.
Encontrei minha expressão de liberdade (como eu a chamei, mentalmente, quando a vi), no meio de tantas outras figuras em preto e branco, num piscar de olhos.
A cor já foi um problema maior.... bem que ele tentou, me mostrando montes de borboletas por ele pintadas.... depois de cansar, graças ao google, achei minhas cores numa outra figura .... na hora pensei no porquê de não ter pensado naquilo antes.
Ele até tentou parecer seguro quando eu decidi, mas, tava na cara que ele não tinha certeza de que o resultado seria algo melhor do que sofrível. Percebi e disse:
- Vamos tentar. Se não der certo, cobrimos tudo com uma cor só...
Alívio no rosto, ele embalou nos preparativos, me avisando que ia doer só um pouquinho, perfeitamente suportável.....
Grande mentira, em algumas partes, principalmente na parte mais próxima a ossos. Bem que ele tentou fazer a figura numa parte com mais gordura, mas minha idéia era aquele lugar e exatamente naquela posição, doesse mais ou não.
Dói, mas não tanto que não seja possível aguentar... Minha figura era pequena e, para quem já teve pedras nos rins quatro vezes e tres filhos de parto normal, o negócio foi fichinha.
Deu até para aplicar técnicas de meditação e me distrair com um homem pendurado na lateral de um prédio próximo, limpando com jatos de água todos os 14 andares, pedacinho por pedacinho... Acho que para ele doeu mais do que para mim....
Na hora de pintar, ouvi um suspiro profundo e pensei: ai, agora até eu estou na dúvida.....
Deixei quieto e fiquei olhando....
Depois de algumas pinceladas (doídas, claro), ouvi, como que um desabafo:
- Nossa, e não é que tá ficando bom?????
Acompanhei os retoques finais e me maravilhei com a minha Lib (é o nome dela).
Ela até ganhou uma foto, para registro do artista que a criou.
Ainda está ardendo um pouco e, provavelmente, vai desbotar um pouco antes de cicatrizar, mas o resultado final ficou muito melhor do que eu esperava.
Acho que estávamos destinadas uma à outra.