Hoje deu vontade de escrever. Fazia tempo que essa vontade não se fazia tão forte.
Há uns dias venho pensando em como a vida corre. Foi outro dia que eu mudei de casa, de trabalho ( e tive a crise que dividiu minha vida em duas partes) e lá se vão 5 anos em que tudo correu demais, mais do que o vento em dia de temporal forte.
Difícil ter tanta coisa para pensar, tanta coisa para contar, tanta coisa para aprender e não achar tempo para tudo.
Ontem mesmo eu pensava que, antes dessa minha fase pensante, eu vivia meio que na correria, emendando um trabalho com outro, tendo tantos compromissos que não sobrava um minutinho para perceber se era feliz ou não. Vivia no limbo, entre uma aula e um período no trabalho, entre decorar musicas e cuidar da casa, entre ensaiar e cantar, entre cuidar dos filhos e do dinheiro que não vinha... Eu era infeliz, mas não sabia, e, por isso, vivia numa coisa que, na época, parecia paz.
No fundo eu sabia que não era feliz, mas, não tinha tempo de sofrer com isso, porque não tinha tempo de pensar. A ignorância me salvava do sofrimento.
Na fase pós alienação (que já dura quase 5 anos), senti na pele e no coração, a dor que minha filha Fabi diz produzir beleza - muitos escritos lindos dela vem da incessante busca dela pela verdade, que, diga-se de passagem, é dolorida demais.
Tem dias em que eu desejo, do fundo da alma, parar de pensar um pouco, estar de cabeça vazia em braços que me dêem segurança e carinho. Descansar da necessidade de descobrir, de decidir, de escolher, de entender.
Dor o tempo todo cansa.
O último ano, em especial, foi muito complicado. Paradigmas quebrados (e promessas feitas a mim mesma tb), avaliação intensa daquilo que me fez ser o que sou hoje e das crenças que se solidificaram nesses anos todos (vale a pena ficar com elas? tem coisa melhor para acreditar?), balança usada minuto a minuto, pesando os prós e contras de ser assim ou assado e os motivos desse ser assim ou assado.
Ainda não sei se sou feliz. Sei que tenho muitos (muitos mesmo) motivos para ser feliz.
Mas, lá no fundo da minha mente tem um homenzinho (tem que ser um homenzinho, por que mulher seria mais doce e paciente) que não me deixa esquecer dos motivos para não ser feliz. Ou, pior, me faz perceber coisas de um modo tal que eu me sinto muito longe da felicidade (será que tenho mesmo motivos para não ser feliz ou ele me engana com seu sutil envolvimento?).
Se eu não pensasse tanto, e com a vida que tenho agora, estaria me divertindo muito. Mas, seria real?
O que faço?
Paro de pensar? Descubro o que é real?
Mas, como?
Tenho que pensar......