Costumo caminhar nas ruas do bairro, alguns dias, pela manhã. O bairro é tranquilo e o movimento dos carros quase inesistente.
Mesmo assim, quando o Ton me acompanha, sempre insiste que caminhemos na calçada, principalmente quando ouve o barulho de algum carro. Ele sempre diz: nunca se sabe...
Eu, até o final de semana passado, ouvia, "obedecia" quando ele estava junto, mas caminhava pela rua mesmo, quando só. As calçadas tem muitos obstáculos, não tem o mesmo tipo de piso o tempo todo, atrapalham mesmo a caminhada.
Mas, o que me faz mudar de idéia a partir de agora foi um acontecido na saída de uma festa de casamento, no sábado passado.
O local era numa rua com muitos terrenos baldios que nem calçada tinham. Eu estava com uma sandalia alta e, decididamente, andar no meio do mato não era a melhor opção, ainda mais com a minha recente fascite plantar recém curada.
Na ida para a festa até fomos pelo meio da natureza, eu me segurando no Ton para não cair, andando como se estivesse surfando em meio às ondas, num equílíbrio só.
Festa boa, cervejinha que até eu tomei, tão calor estava.
Saímos de lá já era noite, uma noite estrelada por sinal.
Já quase na porta, vimos a noiva ali pertinho e decidimos dar mais um beijinho acompanhado de mais votos de felicidade.
Ao sair, como estava escuro, comentamos que deveríamos ir pela rua, para eu não cair (os dois tinhamos bebido um pouco e equilíbrio não era o nosso forte naquele momento). Percebemos que havia muito pouco transito naquela hora e achamos que não haveria perigo.
Havia uma fila enorme da carros parados na rua e o nosso estava quase no final da rua, uns 15 carros à frente.
Para variar, o Ton olhou a fila de carros e a estreiteza da rua e comentou que devíamos mesmo ir pelo terreno baldio - "a gente vai devagar", disse ele.
Nesse mesmo momento ouvimos uma brecada bem na nossa frente, e acompanhamos a descida frenética de um carro desgovernado, que bateu com força num carro que estava três carros à frente da porta do local, onde estávamos.
O carro de um dos convidados da festa foi empurrado para dentro do terreno baldio, tal a força da batida. O som de lata batendo com lata é sempre assustador, não importa quantas vezes o ouçamos.
Andamos para perto do acontecido e vimos que os ocupantes do carro não haviam de machucado e que o carro havia parado míseros dois centimetros antes de acertar um outro carro que estava na frente do carro abalrroado.
Me recordo de ter comentado a sorte do dono desse segundo carro, que, por ter parado uns metros à frente e ter chegado uns segundos antes do motorista do carro batido, havia escapado da bagunça que é ter que arrumar um carro depois de uma batida.
Voltando para casa, depois de passado o efeito da adrenalina que nessas horas nos inunda, percebemos uma coisa mais séria ainda: não tivessemos nós nos detido para um último beijo na noiva e tivéssemos decidido ir para o nosso carro pela rua, sem pestanejar, poderíamos estar passando pelo carro abalrroado exatamente na hora do choque!
Fossem quais fossem as consequencias do fato, talvez eu não estivesse aqui escrevendo agora e nem o Ton lendo isso daqui a pouco.
Coisas da vida, acasos que ocorrem mesmo que a gente não perceba.
Como diz a música daquela banda famosa: " o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído".
Assim é.
http://www.youtube.com/watch?v=YOJiYy1jgRE