sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Coisas da vida - parte 1

Excursão de final de ano - ver as luzes de Natal em São Paulo.
Grandes expectativas de uma quase viajante para Nova York na época do Natal (viagem cancelada há alguns anos, quase na véspera, e nunca realizada), preparativos para não voltar pra Campinas e ficar num hotelzinho em Sampa mesmo, já que o passeio acabava às 23 horas.
Notícia boa: a chuva de 5 dias tinha parado no meio da tarde.
Oba! Vou poder tirar fotos!
Depois de um cochilo no hotel, acordo às 18 com chuva na janela. Pensei: tudo bem, vai parar.
O onibus chega, e percebo que sou uma ilha no meio de bisavós e famílias lotadas de crianças. Pensei: tudo bem, vai ficar mais alegre.
Entra a guia, vestida de Papai Noel, com a voz mais estridente que eu já ouvi na vida. Pensei: tudo bem, estou no fundo, vou ouvir baixo. E, se não der, coloco o protetor no ouvido.
A guia começa a cantar (cantar!!! musicas de natal!!!! desafinada!!!!). Coloco o protetor e aproveito para diminuir os efeitos da microfonia na minha audição, já prejudicada (ninguém ensina guia de turismo que não pode colocar microfone na frente da caixas de som?).
Sorte que as "luzes" começaram a aparecer e eu me distraio um pouco, tentando ajeitar as máquina para captar alguma imagem pela janela lotada de gotas d´água.
Descubro que num onibus lotado não dá pra ver as coisas direito. Fora o trânsito horroroso, não dá pra pular em cima dos passageiros do outro lado para ver direito as atrações, nem fotografar... Até tentei, mas, depois da segunda vez pisando no pé de outro passageiro ou sendo atropelada por uma criança, achei melhor não sair mesmo do lugar. Curti o meu ladinho e fiz malabarismos para gravar alguma coisa. Mas, nada de emoção... Nova York estava cada vez mais longe.
Primeira descida: gentilmente ganho uma capa descartável de chuva, que levo alguns longos minutos para colocar, embaixo de chuva, tentando acertar braços, guarda-chuva e bolsa nos lugares corretos (lembrete: da próxima vez, bolsinha pequena, só com o necessário - lembrei disso só hoje de manhã). A vista é a primeira que me encantou de verdade. Luzes, sons, decoração muito cuidadosa. Enlevada que estava, sinto o celu tocando, e tocando, e tocando.... Como estou na chuva, tentando filmar sem molhar a máquina e a bolsa está dentro da capa de chuva, faço mais um malabarismo para encontrar o celular, sem rasgar a capa e molhar a minha roupa. Descubro que era a mamãe, que não me achou em casa e estava apavorada com meu sumiço... Explico a situação, me sentindo não a avó que sou, mas uma criança levando pito (lembrei de fatos semelhantes e muitos, da época em que eu ainda morava com ela e era uma adolescente tentando viver - mais uma coisa pra discutir na terapia).
Nessa hora, nenhuma meditação fazia efeito. O encanto meio que se esvaiu, e resolvi voltar para o onibus.
No meio do caminho, errei a rota, e como o onibus já estava saindo, não deu pra mudar o rumo. Acabei passando por um gramado, que com a chuva, tinha virado um lamaçal e não dava para perceber no escuro. De sandália que eu estava (onde eu estava com a cabeça de sair na chuva de sandália?) vi meus lindos pezinhos brancos se tornarem marrons..... Já sabia que na chegada ao hotel ia ficar sem escovar os dentes - precisava da escova para tirar a terra das unhas....
Achei, no meio da choradeira da criançada, que já não aguentava mais ficar andando de onibus, que ia ficar tudo bem...
Próxima parada: Shopping Iguatemi, com todas as madames vestidas de grife que podem existir num shopping desse tipo. Aproveitei para ir no "toillete " ("banheiro" num shopping desses fica muito brega) tentar melhorar as condições dos pés.... e dou de cara com uma dessas madames, que, após olhar atentamente meus pezinhos enfeitados de terra, me deu uma gelada com um olhar que quase me fez rir. Dei o jeito que pude nos pés e fui tomar um café para esquentar....
Passeio acabado, com mais algumas fotos, chego ao hotel e descubro que o unico secador que eles tinham foi emprestado a uma hospede, que não o devolveu.
Fico sem ter como secar a sandália. Lavo a distinta e rezo para ela secar até o dia seguinte.
Consigo dormir e acordo de tempos em tempos com uma conversa alta na rua... Puxa, estava no 2º andar e ainda ouvia os malditos batendo papo de madrugada no meio da praça!
Acordo às 6 e meia (tem trabalho o dia todo pela frente) e descubro que o secador ainda não apareceu e a sandália ainda não secou...
Coloco molhada mesmo e vou tomar café, que ninguém é de ferro.
Mais uma tentativa de achar o secador, frustrada, e volto para o quarto. Coloco a sandália em cima de um copo de água mineral, embaixo do abajur, para ficar perto da lâmpada e secar um pouco ou, pelo menos, aquecer. Penso que poderia ter feito isso na noite anterior e aí a distinta estaria seca de manhã.... respiro fundo três vezes (agora a meditação funciona) para não começar a me desesperar antes de começar o dia.
Banho tomado, caminho até o trabalho, e, logo que chego, resolvo escrever para ficar mais leve. A mesa de trabalho parece assustadora com tanto papel, mas, pode esperar.
Ano que vem, venho de carro, passeio à pé pela Paulista e vou ver o Parque do Ibirapuera com tempo para caminhar e apreciar com calma as atrações , e aproveito para visitar o MASP, pro passeio ficar interesante de verdade .... num dia sem chuva.
Acho que estou ficando mais exigente, com o passar dos anos e o aumento dos cabelos brancos.
Tenho que parar de escrever.... Vou rapidinho na Barão de Itapetininga comprar um sapatinho que não esteja molhado.... Meus pés estão ficando dormentes de frio.

Um comentário:

Fabi Araujo disse...

Isso é o que eu chamo de programa de paulista! ahahaha!!!