Tô estudando muito esses dias sobre a noção de tempo. Meu professor diz que ele não existe e, normalmente, ele sabe muito bem o que fala, mas ainda não consegui aceitar a coisa.
Acabei de ver uma foto de exato ano atrás (esse Facebook que não deixa a gente esquecer nada), e fiquei mais em dúvida ainda.
Meus netos, na minha cozinha, com uniformes iguais, almoçando como fizeram, pelo menos duas vezes por semana, durante todo o ano letivo.
Para variar (e também porque estou me recuperando de uma leve dengue), acabei chorando. Coisa que faço, por causa desse assunto, algumas vezes na semana, desde o finalzinho do ano passado.
Acabou-se o tempo de buscar os quatro, escutar suas conversas, descobrir novidades sobre eles, ajudar a estudar para prova, resumindo, acabaram-se meus dias tão desejados de avó presente.
Agora estão em escolas diferentes, até em cidades diferentes. Os daqui ainda vejo, mas rapidinho, do caminho da escola para casa; os de lá (lá é Indaiatuba) , só quando esse deus que não existe quiser.
Não tem mais almoço junto durante a semana, não tem mais conversa (e olha que com os mais velhos já tava difícil), não tem mais estudo nem risada nem pão de queijo nem Nutella nem assistir YouTube nem nada.
Eu já sabia disso ano passado, e curti muito as últimas vezes. Quando o Lili me disse, no último dia, que era a última vez que eu pegava ele na escola, meu coração quase explodiu. E continua assim até agora.
Então não venha me dizer que o tempo não existe. Existe sim, e levou embora muito da minha convivência com os meus amores (assim como aquela porcaria da pandemia).
Não sou ingrata. Sei que vivi com eles nos últimos dois anos uma delícia de vida, que trazia junto minhas filhotas para um café e uma conversa.
Mas mudança nunca foi meu forte, apesar da vida adorar me tapetar nesse quesito.
Tô brava e ponto final. Tô com saudade, triste, zangada, e com o perdão da porra da palavra, puta da vida.
Mas sei que eles estão bem, todos gostando das respectivas escolas. De vez em quando tenho notícias e vejo que foram boas escolhas.
Mas que eu queria estar mais perto, eu queria.
Tempo, tem como voltar?