Tô aqui lendo meu último escrito de 2016... Naquela época já dava para perceber para onde estava indo a minha sanidade.
2017 foi o pior ano da minha vida. Vivi esse ano no tranco, me assustando com o vácuo, com o vazio, com a desesperança de acordar todo dia.
Foi o ano em que fiz 60. Virei, do dia para a noite, uma idosa. Agora tinha cartão para estacionar em lugares melhores, entrava no cinema de graça (agora não só meia), andava de ônibus em Sampa sem pagar (e com o plus da cara de espanto dos motoristas, porque eu não parecia idosa).
Não estava com depressão por causa da idade. Até me divertia me ver como alguém mais velho, e, quem sabe, até mais sábio. Uma das coisas que veio com a idade (não necessariamente no dia do aniversário) foi o foda-se suave, aquela coisa de " não devo nada para ninguém, ninguém paga minhas contas, não preciso agradar ninguém"...
Peraí.
Esse não preciso agradar ninguém não ficou tão bom... Ainda estou no treino para me livrar dessa máxima e lá se vão 8 anos.
Talvez até tenha sido esse "preciso agradar alguém" que me ajudou a deixar o "bicho" chegar.
Chamo de bicho, desde sempre. Me ajuda e entender como algo fora de mim e que posso matar com uma boa vassourada, embora precise de muita coragem e força.
A gente não brinca com depressão. É coisa séria e incontrolável, se vc não pedir ajuda.
E foi o que eu fiz.
Demorou, mas ano seguinte, bem nos meus 61 anos, estava me dando de presente a festa de aniversário que eu sempre quis e a sonhada aposentadoria.
Um ano e pouco de farra, fazendo um monte de coisas novas e gostosas (talvez, por isso, me distrai dos meus escritos) , preparando um show solo em homenagem à minha mãe (conto mais essa coisa outra hora), e chega a pandemia.
Essa estória precisa de tempo para explicar, porque, para falar a verdade, ainda não absorvi bem. Dois anos e pouco de reclusão, medo e, ao mesmo tempo, uma profunda conexão com os queridos. E, por causa disso também, não escrevi.
Passada a pandemia, aprender a viver em comunidade de novo, voltar a preparar e fazer o show, viajar (viagem que dura até agora) num curso de meditação avançada que mudou minha vida.
E eu continuei não escrevendo. Precisava acomodar tanta mudança antes de colocar para fora.
Parece que agora a coisa está fluindo.
Tô me divertindo aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário